quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Delírios..


Noite.. fria e úmida, quieta. Apenas o barulho das águas toma conta do espaço. O negro do céu já não é mais tão intenso, lua cheia.. enorme e cativante ela vem, brilhante, clara, reluzente. A areia molhada congela os dedos, ao passar do tempo já nem sinto mais meus pés direito. Isso até que outro elemento cerceie  meu corpo. As pequenas ondas batem delicadamente sob minhas pernas.. continuo andando. Em busca de algo.. algo que nem eu mesmo sei direito onde procurar. Adentro mais, preciso dessa sensação. Embora saiba que sair será a parte mais difícil. Mesmo que continue perdido, eu o busco. Incansavelmente. O silêncio dá espaço para minha mente, que não pára. Pensamentos, devaneios, loucuras. Continuarei ali enquanto durar. Apenas a luz me observa, ao lado da escuridão. Confesso que ficaria até o último instante, até não poder mais respirar. É algo que me enche, me completa. Estrelas, minhas cúmplices, preciso sair mas não posso, não quero, embora acredite que deva. Gostaria que fosse sempre meu. Droga. Nem tudo depende de mim, logo amanhecerá. Preciso sair e não devo mais voltar. Não quero!

Continuo ali por horas. Sorrateiramente me retiro, devagar.. quase nem percebo. Deixo a correnteza me levar. Me sento, ainda dentro. Começo a sentir a brisa gelada bater devagar em meu corpo. Friio!

A dor vai aumentando. Quase me congela. Me sinto só de novo. Mesmo que esteja apenas com metade de mim para fora. Na verdade, não é metade, é bem pouco. Pouco mas o suficiente para me fazer chorar. Me deixar triste por talvez não ter conseguido de novo. Penso se volto ou se saio de vez. Friio! Cada vez mais frio! E permaneço ali. Permaneço e percebo que não depende mais da noite ou do amanhecer. Afinal, agora sou a única pessoa que pode decidir isso.

Espero que nunca mais amanheça. Espero nunca mais ver o dia. Não consigo sair dali. As lágrimas descendo no rosto são as únicas coisas quentes que restam de mim. O sentimento de vazio tomou conta do resto. Preciso voltar, não quero sair. Mas tenho medo de entrar de novo.

A água vai descendo cada vez mais. Chegou a hora. A luz começa a tomar conta da escuridão aos poucos. Não quero! Não quero!

Frio, claridade, barulho e vazio. Acho que vou morrer... :(

Um comentário:

  1. Lendo este texto tive uma série de sensações.
    Achei que fosse algo real, apenas descrevendo em palavras uma noite fria, normal.
    Passei a interpretar como uma metáfora, como se algo estivesse te angustiando e você tentando colocá-lo pra fora, mesmo que em palavras mais subjetivas.
    De repente essa angustia passou pra mim, pois não sabia mais o que achar e nem como ia acabar.
    Essa mistura de sensações é o melhor que um texto de inauguração pode causar no leitor.
    Espero que atualize mais, estarei sempre por aqui.

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